segunda-feira, 20 de junho de 2011

Entrevistas...

Maria Bertoncello
78 anos
Aposentada

1-      Há alguns anos a mulher era vista diferentemente de hoje. Gostaria que a você falasse um pouco sobre qual era o papel da mulher na sociedade de 30/ 40 anos atrás.
Resposta: “Há uns 50 anos atrás a mulher não tinha direito nem a aposentadoria! Era discriminada dentro da própria casa. Tinha que trabalhar em casa e ainda ajudar na roça, e todo o dinheiro que entrava em casa ficava com o homem, com o marido, pois quem mandava em casa era ele. Ainda quando eu era criança, que vinha visita em casa, nós tinha que sair de dentro de casa ir lá pra fora, porque os adultos queriam conversar sozinho, por isso que a gente se criou uns tapados, porque nunca era falado nada pra gente.
      As mulheres eram proibidas de sair sozinhas, sempre tinham que ter uma companhia dos filhos, ou do marido ou de alguma amiga. Quando a moça tinha namorado, e iam a alguma festa sempre tinha que ir alguma companhia junto. Até o primeiro filho ‘tinha’ que ser homem, porque diziam que dava sorte, até nas festas de ano novo, diziam que primeiro as pessoas deveriam receber ‘feliz ano novo’ de um menino, para dar sorte.
      Quando ia se casar, tinha que fazer os cursos de casamento, mas os pais não gostavam muito que as filhas fossem fazer o curso porque, os padres explicavam as coisas do casamento, e se pensava que tudo era pecado então não gostavam que as filhas fossem fazer o curso. Os bebês os pais explicavam que vinham do banhado, que a mulher que tinha bebê pequeno ela tinha ele porque ela passou perto banhado e viu que ele chorou e trouxe ele pra casa.”
2-      Ao longo dos anos a mulher ganhou espaço na sociedade, como você vê a mulher da atualidade?
     Resposta: “Hoje as mulheres não são mais discriminadas, nem mandadas, não são dependentes do marido. Hoje elas são bem diferentes são livres.”

3- Enfim, como foi a sua trajetória até hoje? Você sempre ajudou nas despesas de casa?
      Resposta: “Para ajudar em casa, eu fazia palha para fazer os ‘palheiro’, arrumava as palhas para vender, mas quem ia vender era meu falecido marido, o dinheiro ficava com ele, eu só ganhava a quantia que ele me dava, e quando eu era pequena meus irmãos iam vender as coisas na cidade, como frutas, bata-doce, sempre o homem. Eu trabalhava em casa, na roça, e depois comecei trabalhar como doméstica lava roupa, e com o dinheiro comprava comida.”

Nenhum comentário:

Postar um comentário